Blog Clipping
terça-feira, maio 25, 2004
 
Fonte: Público (Suplemento Computadores), 24 de Maio de 2004

Empresa portuguesa vai lançar sistema internacional para criar blogues

O Nome Não É Tudo
Segunda-feira, 24 de Maio de 2004

%Pedro Fonseca

Está para breve o lançamento público de mais um sistema de edição de blogues. Desta vez, a aposta parte da empresa PortugalMail Comunicações, detentora do endereço Blog.com, onde o serviço de criação de espaços pessoais está já a funcionar de forma experimental.

O serviço entrou na segunda fase de testes na semana passada. A empresa contactou 15 mil interessados que tinham efectuado um pré-registo, enviando-lhes um código para aceder, criar e publicar um único blogue. Segue-se "um teste alargado com entrega de novos convites, para redistribuição, a todos os inscritos no serviço" e só "o lançaremos a partir do momento em que consideremos que os níveis de relatórios de erros e de carga nos servidores atinjam valores aceitáveis" - refere Sérgio Carvalho, director técnico e responsável interno pelo Blog.com.

A empresa prevê ter o sistema acessível ao público em geral até "final de Junho", ao fim de "um ciclo de um ano de desenvolvimento da plataforma de 'software'". Foi também há cerca de um ano que adquiriram o nome de registo blog.com, registado em 1999 "por um investidor em domínios da Internet", encarando-o "como um investimento natural" no momento em que decidiram "entrar neste mercado".

Com este endereço e este serviço - em que até os textos apresentados são em inglês -, a Portugalmail pode apostar na internacionalização e é um alargamento "para o mercado do alojamento na Internet de valor acrescentado", salienta Sérgio Carvalho. Assim, o serviço terá quatro tipo de utilizadores, todos eles podendo criar um número ilimitado de blogues e todos com acesso ao mesmo tipo de funcionalidades.

No entanto, o utilizador gratuito apenas terá uma quota de 10 megabytes (MB) de espaço em disco nos servidores e uma largura de banda mensal de 250 Mbps. Na versão paga básica, de 25 dólares anuais, o espaço será de 50 MB e 1 Gbps de largura de banda, enquanto a "pro" - por 4,95 dólares mensais ou 49,5 anuais - proporcionará respectivamente 100 MB e 3 Gbps. Por fim, o pagador "platinum" (8,95 dólares por mês ou 89,5 ao ano), terá 200 MB de espaço e 5 Gbps de largura de banda.

A plataforma tecnológica foi desenvolvida internamente, "depois de uma análise das plataformas existentes no mercado", refere Sérgio Carvalho, e "foi desenhada para conferir ao Blog.com vantagens competitivas ao nível das funcionalidades, quer à data de lançamento quer pela extensão da plataforma prevista ao longo do tempo de vida do projecto".

Sobre o facto de este ser um mercado onde existem já várias plataformas estabilizadas e a funcionar - em Portugal e no estrangeiro -, o responsável técnico afirma que faz todo o sentido lançar uma nova porque "este mercado está ainda na sua fase de arranque", em que "o potencial de crescimento é gigantesco e as ferramentas de publicação estão longe de estarem maduras". "Foi relativamente simples condensar um conjunto de capacidades que nos colocam à frente de todos os outros serviços, e o espaço para inovação é imenso".

Em termos de funcionalidades, pelo que o Computadores comprovou, as mais salientes perante a concorrência são o facto de o Blog.com permitir a criação de álbuns fotográficos relacionados com o blogue do utilizador (e com ferramentas para manipulação das imagens) e ter um interessante editor de texto, com muitas opções, de fácil utilização para quem conhece os processadores de texto tradicionais.

No resto, acompanha as últimas tendências: a criação gráfica do blogue é rápida e permite alterações posteriores; pode-se guardar o texto numa versão provisória para mais tarde ser disponibilizado "on-line"; permite a categorização das hiperligações para outros blogues ou sítios na Web (que, nalgumas plataformas, tem de ser feita "mexendo" no código de HTML); tem funções de busca dentro dos textos publicados, podendo estes estar - para quem lê o blogue - disponíveis por secções. Têm ainda um endereço fixo e comentários indexados ao texto, surgindo numa página única. Os comentários podem ser editados ou removidos e o utilizador avisado por correio electrónico da escrita de novos comentários aos seus textos. Tem ainda uma função "one click" para permitir a escrita de textos a partir de uma página da Web, copiando desta a hiperligação e o texto sublinhado.

Por fim, apresenta ainda ao proprietário do blogue uma página de estatísticas, onde é possível saber o número de textos, fotografias e blogues disponibilizados, a quota de espaço usada e a largura de banda usada diariamente e por mês.

Para os interessados em criarem blogues, o Blog.com será o último de diferentes serviços e com diferentes funcionalidades a surgirem nos últimos meses. Em Novembro, apareceu o Blogs.sapo.pt, que está hoje cheio de blogues eróticos ou mesmo pornográficos. Antes, já existiam o Blogdot.org, os pioneiros E-diários do Diário Digital, o Blog.clubeinvest.com e o próprio PortugalMail teve um sistema de blogues - existindo ainda o Blogs.parlamento.pt mas apenas para deputados. Por seu lado, o crescimento do Weblog.com.pt já levou o seu criador, o jornalista Paulo Querido, a pedir contribuições financeiras para assegurar o serviço, que conta com mais de um milhar de blogues e é mantido de forma voluntária. Na semana passada, acrescentou um novo serviço, o Moblog.com.pt, uma plataforma para blogues editados usando os telemóveis.

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Fonte: Diário de Notícias


'O Primeiro de Janeiro' nega ter despedido três jornalistas
ALFREDO MENDES

A directora do matutino «O Primeiro de Janeiro», Nassalete Miranda, negou peremptoriamente ter despedido três jornalistas que, através de um blogue, vinham contestando os procedimentos empresariais do jornal.

Em declarações ao DN, Nassalete Miranda afirmou «não conhecer» as pessoas em causa que, acrescentou, «devem intitular-se jornalistas, pois nem sequer têm carteira profissional». Trata-se, esclareceu a directora do diário sediado no Porto, de pessoas «que trabalhavam no departamento comercial, vendedores ou angaria- dores de publicidade. Não despedi ninguém, jornalistas ou colaboradores da redacção», insistiu Nassalete Miranda. Ora, sublinhou, «não há jornalistas comer ciais. Nada de confusões».

O blogue, com o título «Diário de um Jornalista», há já algum tempo questionava a estratégia comercial do diário, mormente a filosofia adjacente ao Departamento de Publicações Especiais, localizado no Freixieiro, Perafita, concelho de Matosinhos.

As situações vindas a público, críticas relativamente à gestão interna de «O Primeiro de Janeiro», provocaram o despedimento, alegando os visados que o departamento comercial articulava a elaboração de artigos com a celebração de contratos publicitários.

Os autores do blogue garantem que irão prosseguir com a iniciativa que provocou a polémica e o despedimento, denunciando os factos vividos como forma de alertarem as editorias e o público. Sustentam que as chefias do diário deveriam ter acautelado o adequado funcionamento do departamento, evitando, desse modo, o surgimento do blogue.

Quanto ao dever de lealdade para com a entidade empregadora, argumentam que «O Primeiro de Janeiro» deveria, igualmente, corresponder às pretensões dos seus funcionários. Precisaram que o blogue foi criado sem conhecimento prévio da hierarquia do jornal.



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Fonte: Público (Suplemento Computadores), 26 de Abril de 2004

Conflito entre o dever de lealdade e a liberdade de expressão

Blogue Provocou Despedimento de Jornalistas
Segunda-feira, 26 de Abril de 2004

%Pedro Fonseca

Três jornalistas do diário "O Primeiro de Janeiro" foram, na semana passada, despedidos por terem participado num blogue e nele descreverem algumas práticas comerciais do diário nortenho. Trata-se do primeiro caso em Portugal de despedimento motivado pela escrita em blogues, apesar de o mesmo já ter sucedido noutros países.

Sérgio Moreira criou o blogue "Diário de Um Jornalista" (diariodeumjornalista.blogspot.com) em 30 de Março e rapidamente o abriu a colegas para ali relatarem em público alguns procedimentos internos do jornal - nomeadamente no departamento responsável pelas chamadas edições especiais (suplementos temáticos). Joel Pinto e uma outra jornalista juntaram-se a um grupo de seis pessoas, no total, que passaram a animar o blogue. Foram os três despedidos na semana passada.

O "Diário" chamou a atenção para o facto e gerou alguma discussão nos últimos dias nalguns blogues interessados no jornalismo pelas práticas ali descritas. O seu aparecimento levou mesmo à criação do "Diário de Uma Jornalista no Desemprego" e, num tom mais irónico, ao "Diário de Um Jardineiro".

Manuel Pinto, provedor do "Jornal de Notícias" e um dos membros do blogue "Jornalismo e Comunicação" (webjornal.blogspot.com), chamou-lhes os "novos proletários do jornalismo" e, noutro texto, considerou que "os materiais como o destes blogues vão ser importantes nos estudos que se vierem a fazer sobre os caminhos que trilha hoje o jornalismo".

Para Sérgio Moreira, a criação do "Diário" blogue "foi o culminar de um crescendo de frustrações e preocupações" destes jornalistas, "e que, infelizmente, não tinham correspondência por parte dos editores". E assume que todas as situações relatadas "são verdadeiras", como explicou por E-mail a Computadores.

Segundo Joel Pinto, aquele espaço na Web servia para revelar as "experiências pessoais no jornal" e, "como era um blogue inocente, nem nos preocupámos com o facto de ser público ou privado". "Até mencionamos qual era o jornal em questão, tal a simplicidade com que encarávamos o blogue".

Foi para "denunciar determinadas situações e também - porque não? - brincar com as coisas", refere Ricardo Simães, outro dos "bloggers" do "Diário" e que trabalhou no jornal entre Setembro de 2002 e Julho de 2003.

Os jornalistas não deram conhecimento aos seus superiores da criação do blogue, até porque sabiam "de antemão que as chefias não iriam gostar"; mas o seu criador assume saber que se tratava de "um local de acesso público e, mais cedo ou mais tarde, iria ser descoberto". E salienta que o problema "não está no que escrevemos" mas "na coragem de denunciar estas situações".

As situações, segundo explicam, estão relacionadas com o facto de o departamento comercial combinar a escrita de artigos com o fecho de contratos publicitários. "O nosso trabalho era em função dos contratos de publicidade que eles assinavam; não havendo contratos, não havia entrevistas marcadas", salienta Joel Pinto. "Os delegados comerciais contactam as empresas ou as instituições ou entidades a estarem presentes num determinado trabalho e, em troca de um valor pago em publicidade, o jornal oferece-lhe um espaço redactorial, no qual os responsáveis dessas empresas podem falar do trabalho que fazem e dos projectos que têm". Para a direcção da empresa, "o interesse imediato é o de celebrar contratos de publicidade e não o de vender jornais", refere.

Reclamando ainda das exageradas condições de trabalho, Joel Pinto - que afirma ter tido um contrato de estagiário de 1º ano durante dois anos e meio -, salienta que "nem o próprio Sindicato [dos Jornalistas] se interessa por estas questões, tanto mais que eles não reconhecem o nosso trabalho como sendo jornalismo". O blogue "foi o único meio que encontrámos para nos exprimir livremente".

Quanto ao dever de lealdade que gere as relações entre empregador e funcionários (ver caixa "O que diz o sindicato"), o mesmo jornalista questiona, entre outras queixas, "qual é a lealdade de existir um departamento editorial que não correspondia às exigências fundamentadas dos seus profissionais", lembrando que "o comportamento de um funcionário perante a empresa reflecte o comportamento da empresa perante o funcionário".

Os autores do blogue mantiveram o anonimato e não nomearam as pessoas criticadas nos seus textos, até ao passado dia 21, quando falaram directamente de José Freitas, o responsável do departamento de publicações especiais do diário.

Joel Pinto foi despedido "apesar de ter um contrato de trabalho em vigor há mais de um ano", não vai receber qualquer indemnização nem sabe se receberá o vencimento de Abril. O blogue "vai continuar a crescer e todas as situações reais serão diariamente denunciadas", refere Sérgio Moreira. "Talvez dessa forma o nosso esforço seja recompensado e os que ficaram possam ter melhores condições".

As "chefias deveriam, desde sempre, ter criado condições para que não fizesse sentido existir um blogue como o 'Diário'", refere Ricardo Simães. E "deveriam aproveitar esta celeuma para repensar o que tem sido a prática do 'Janeiro' desde há algum tempo; deveriam reconhecer os erros", refere.

Computadores tentou - repetidamente mas sem sucesso - contactar, por via telefónica e por E-mail, José Freitas. Apenas conseguiu chegar à fala com Carla Marques, uma das editoras dos referidos suplementos, que remeteu o assunto para o seu superior. Nassalete Miranda, directora editorial de "O Primeiro de Janeiro", estava indisponível na sexta-feira e Eduardo Costa, administrador da empresa, como os restantes, não respondeu às tentativas de contacto telefónico

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